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A TRAGÉDIA E A ALEGRIA

Há pouco menos de um mês, Nina Lemos escreveu:”Todo mundo está sempre para cima. Ficar para baixo pega mal. E, se você é um telespectador, ainda olha para Hebe sorrindo, apesar de tantos problemas, e se sente um pouquinho pior porque você, ao contrário da diva da TV, sofre. E se sente menos forte que ela. É que nem todo mundo consegue ser alegre o tempo inteiro…”
Conversando com Nina sobre esse texto, ela me disse que estava achando muito estranho todos estarem tão felizes o tempo todo. Não que ela fosse contra a felicidade ou o estado de felicidade dos outros, mas havia algum desarranjo nessa alegria que ela estava sentindo. Tinha algo programado ou oficialesco.

Esse texto, ela escreveu em 30 de dezembro de 2010. No dia 14 de janeiro desse ano, Vivian Whiteman e Pedro Diniz escrevem um texto que parece comprovar esse sentimento de Nina. Em “Rio quer exportar ‘felicidade’ em pacote”, a editora de moda e o repórter da Folha de São Paulo colocam em pauta o projeto da indústria têxtil de “vender a alma carioca”.
“‘Vamos mostrar como aplicar a felicidade, no sentido de valor agregado, em produtos de moda’, diz [Rafael Cervone] Netto, [gestor do Texbrasil]. Nesse pacotão feliz estão conceitos variados, do bom humor à biodiversidade. […] Para os organizadores nem mesmo as tragédias, a violência e a pobreza ofuscam o projeto. ‘O brasileiro é feito da luta entre contrastes, mas nossa alegria se sobrepõe aos problemas’, filosofa Fernando Pimentel, diretor da Abit”.

Existe uma visão vitoriosa no Brasil que nos trata como um povo alegre por excelência. E muitas vezes acreditamos nesse mito criado na década de 1930. Mas nem sempre foi assim como retrata o clássico de Paulo Prado, Retrato do Brasil: “Numa terra radiosa vive um povo triste. Legaram-lhe essa melancolia os descobridores que a revelaram ao mundo e a povoaram. O esplêndido dinamismo dessa gente rude obedecia a dois grandes impulsos que dominam toda a psicologia da descoberta e nunca foram geradores de alegria: a ambição do ouro e a sensualidade livre e infrene que, como culto, a Renascença fizera ressuscitar”.

Tentamos, nós brasileiros, vivenciar muito pouco a tristeza, é quase como uma obrigação estar sempre feliz. A mídia brasileira odeia a tristeza, a moda brasileira odeia a tristeza, os brasileiros odeiam a tristeza. Mas ela existe e é natural que de vez em quando dê as caras, não adianta empurrar pra debaixo do tapete. Ela faz parte do que é essencialmente humano e do que chamamos viver. Ela se faz necessária até para que possamos entender o que é felicidade.

Com esse buraco de formação e imaginário,a tragédia parece mais pesada quando acontece. E por um infeliz acaso aconteceu de modo tão terrível no mesmo lugar que a moda quer tanta felicidade, o Rio de Janeiro.
Me senti irmanado com Augustuzs Neto que escreveu no Facebook: “A gente brinca, faz uma frescura, encena um frege, tenta se distrair trabalhando/jardinando/ouvindo música mas a verdade é que a catástrofe que devastou a região serrana do RJ não me sai da cabeça.
É um turbilhão de imagens, relatos, sensações… uma noite, a passada, habitada por sonhos que me drenaram a energia”.

A tragédia se impôs! E a tristeza é inevitável.

Agora só nos resta solidariedade como Isaac me escreveu

Para ajudar as vítimas da enchente:

– A Cruz Vermelha aceita doações. Nesse site, você pode encontrar as informações necessárias para ajudar

PENSAMENTO FRACO DE DOMINGO

Eu faço virada todo final de semana, não sei porque tanto furor no twitter, na imprensa…

MODA É ARTE? A CONSULTORA MARIANA ROCHA AQUECE A DISCUSSÃO

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Mariana Rocha é professora, consultora e crítica de moda, além de estilista. Foi com bastante satisfação que recebi esse e-mail. Ela pede para mostrar para o Oliveros, mas resolvi compartilhar com todos aqui no blog, dada a excelência do pensamento e das observações dela. Enriquece muito a discussão sobre moda e arte e moda é arte. Ou não.

Abaixo o texto de Mariana Rocha na íntegra:

“A partir das colunas de Biti Averbach, dos comentários de Vitor Ângelo e da coluna do Oliveros.

Defendo o ponto de vista do Oliveros quando diz que moda não é arte. Com isso ele não quer subestimar a importância da moda, mas fortalecer uma manifestação nova, que ainda está se estruturando. Concordo plenamente com Vitor Ângelo no que diz respeito ao desfile de Jum Nakao e ao valor artístico de certos trabalhos. Entendo também a paixão que envolve essa discussão e acredito que a reflexão é fundamental para a evolução de uma linguagem que cresce em importância e significação na nossa sociedade. Mas a verdade é que se moda é ou não é arte, tanto faz.

Cercada por preconceitos, formação precária e más intenções, a moda, querendo ou não, transforma e influencia a vida contemporânea. Além de vestir, abrigar, resolver, enfeitar, expressar, esconder, seduzir, problematizar, excluir, integrar, negar, postular, significar, classificar, etc. e tal, quando a moda é boa , pode, por vezes, até se aproximar da arte. Mas ela é boa na medida em que se apropria e domina seu universo próprio, seu repertório particular e afirma o que tem de único. Nesses momentos, de muita técnica e domínio criativo, é possível haver uma reação parecida ao que se experimenta ao ver um trabalho artístico.

No caso do desfile de Jum Nakao, o debate está aberto. A moda, por definição, está vinculada à adesão da coletividade e tem que ter uma repercussão. O desfile de Jum Nakao tocou a moda, se utilizou de elementos da moda e usou o altar da moda para discuti-la. Contestou-a criticando sua fragilidade e efemeridade – utilizando-se do papel, matéria frágil, logo destruída pelas mãos das modelos robôs-bonecas, representando a massificação – e, ao mesmo tempo, exaltou-a, servindo-se lindamente de seus elementos constitutivos tradicionais, tais como a silhueta histórica, a decoração de superfície, a mão de obra artesanal e o formato desfile. Mas não fez, exatamente, moda. Nem por isso foi inadequada sua apresentação. Pelo contrário, foi divisora de águas. Desde aquele momento, houve uma consciência coletiva de onde estávamos nos metendo.

A Moda não só revela, mas constrói a sua própria época. Não é apenas o reflexo de uma sociedade, mas um fator constitutivo da mesma. Walter Benjamin, numa de suas análises da moda, a compara aos museus de cera, onde as imagens são tão impressionantes que são como aparições, reveladoras das entranhas do que é humano.“Na moda, o traje, a aparência externa é representação das ‘entranhas’. Enquanto fenômeno (aparição), a moda mostra o que está dentro. Essa consideração significa conferir uma outra importância à aparência: ela não é aparência que se opõe à essência, mas é aparição, aquilo que se mostra, num jogo entre o que aparece e o que se ausenta: ‘a expressão do inconsciente de uma época'”¹.

Quando Vitor trata dos conceitos de arte em Joyce, cita o desejo, comparando-o à pornografia, como algo inferior. Para Benjamin a moda é o desejo daquilo que não é. É fetiche, o que nunca se satisfaz. Quem sabe então a moda mais verdadeira não seja aquela que nunca se satisfaz? A que possui aquele “algo mais” citado por Vitor, que nos encanta e também nos aprisiona?

Inspirador de Benjamin, Baudelaire tem uma visão da moda ainda mais positiva: “ …aproximação qualquer de um ideal cujo desejo faz cócegas sem cessar no espírito humano não satisfeito”. Ela usa artifícios para colocar o belo acima da fragilidade da vida, da decadência das coisas.”

Agora, se é arte ou não é arte, tanto faz. Classificar coisas não é mais tarefa para o nosso tempo.

Mariana”

1)Todas as citações estão contidas no excelente ensaio “Mercadoria e moda: o fetiche e seu ritual de adoração”, de Sonia Campaner Miguel Ferrari. O livro é Leituras de Walter Benjamin, organizado por Márcio Seligmann-Silva, uma publicação da Fapesp infelizmente esgotada.

A MODA PODE SER ARTE, APESAR DE NÃO PRECISAR

O Ricardo Oliveros a partir de um post meu e de um texto da Biti sobre uma excelente entrevista com o poeta concreto Décio Pignatari levantou a questão e já respondeu: a moda não é arte.

Se ele está falando das 6 belas artes que consiste em Música, Dança, Pintura, Escultura, Poesia (Literatura) e Teatro realmente a moda não se encaixa.

E muito menos nas noções medievais e as chamadas artes liberais, que se dividiam em Trívio (Gramática, Retórica e Dialética) e Quatrívio (Aritmética, Geometria, Astronomia e Música).

Como divido apartamento com o Ricardo, perguntei a ele que arte ele estava se referindo e ele me respondeu que eram as Artes Plásticas.

Acho estranho ela ser chamada de Arte (nos Estados Unidos pelo menos eles falam Visual Art), mas entendo a megalomania dessa manifestação. A chave está em seu grande projeto de início revolucionário nas décadas de 1950 e 1960 em que ela salta verdadeiramente do quadro e escapa da escultura para procurar seu lugar em outros padrões. Daí as performances, as instalações, os objetos, a vídeo-arte e as inúmeras demais conjunções com as outras artes. A essência de uma boa parte da arte contemporânea e, com certeza, o discurso dominante dela hoje passa por essa bula.

Dentro desse receituário, as Artes Plásticas podem sim retirar fundamentos da moda para a construção de seu conceito. Mas está muito correto o Ricardo em dizer que Moda não é Arte(s) Plásticas, nem nunca será. Até porque (e isso desenvolverei melhor na minha coluna no Blogview) é a Arte(s) Plásticas (hoje personificada na figura dos galeristas, curadores e por fim artistas) que decide o que é Arte ou não. E se algo da Moda virar Arte(s) Plásticas na concepção demiúrgica desse triptico, ela deixa de ser Moda e vira Arte.

Posto isso, temos que pensar que a Moda, uma manifestação típica da passagem da Idade Média para a Idade Moderna traz em seu específico uma capacidade híbrida de multiplicação. Híbrida porque, mesmo sendo em princípio um produto artesanal tem no molde (a gravura sem numeração da Moda) o seu desdobramento serial.Ao lado das manifestações modernas como o Cinema, a Fotografia, o Design, ela tem em seu DNA a capacidade de reprodutibilidade técnica.

Isso por muito tempo fez com que essas manifestações fossem desconsideradas artísticas porque na visão tradicional da arte o objeto deve ser único e perene.

Com o advento da subjetividade e sua força cada vez maior nos séculos 19 e 20, a quebra de hierarquias no conceito de arte e o deslocamento da importância do objeto em si para a importância da conjunção Integridade, harmonia e radiância para qualquer tipo de manifestação, a chamada Arte (manifestação estética do espírito) pode encontrar seus ecos em outras áreas além das 6 belas artes.

 No começo do século 20, quando as imagens cinematográficas produziam proezas estéticas, era um absurdo pensar que o Cinema era Arte e hoje todos o conclamam como a sétima arte.

E talvez assim será com a Moda. Ela pode sim alcançar momentos de grandes manifestações artísticas, mas ela é livre e não precisa dessa grife para achar sua plenitude  

E nesse ponto eu concordo plenamente com o Oliveros. legonaholanda_f_005.jpg Lego encontrado em uma praia da Holanda

Se for de um artista (plástico), é arte

Se for de um “qualquer”, é apenas uma brincadeira

E se for de um estilista?

PENSAMENTO FRACO DE DOMINGO

PARA MIM NÃO EXISTEM MAIS CÓPIAS, SÓ RÉPLICAS!

RÉPLICA E CÓPIA

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Eu recebi primeiramente esse e-mail de Abraham Thomson:

 “What is Prestige Replica store? 

At Prestige Replica, we specialize in the sales of brand-name quality,luxury replicas at some of the lowest prices possible. With our large selection ofproducts, you can be sure to find that perfect gift for yourself or a loved one. 

Visit Prestige Replica Shop! 

http://heknuiw.com 

ThanksAnn Moore”  

São cópias ou réplicas de relógios “de marca”. Não fui muito além pois fiquei com medo de ser vírus ou um golpe desses de cartão de crédito. Mas fiquei intrigado porque no dia seguinte recebi o mesmo e-mail só que de Dwight Delgado 

O texto era o mesmo só mudava o site: http://jeppin.com Detalhe: o primeiro site já não era mais encontrado na internet e não sei por quanto tempo este será.

O mundo das cópias entrou em uma sofisticação tão grande que até a palavra ficou mais polida: réplica.  Apesar do sentido ser o mesmo, a palavra réplica parece dar um caráter mais digno às cópias.  

Vamos acertar nossos ponteiros e ver quanto tempo demorará a todos chamarem cópias de réplicas.

PENSAMENTO FRACO DE DOMINGO

VAI, VAI, ZAPPING DAQUI! SOMMER DA MINHA VISTA PORQUE ESTOU FORUM DE MIM!

NOVO LIVRO SOBRE TEORIA DA MODA

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KATHIA CATILHO (RESPONSÁVEL POR INÚMEROS LIVROS EDITADOS DE MODA) DIZ:

“Finalmente mais uma importante publicação que discute moda.

O lançamento será em Florianópolis mas o livro já está sendo distribuído nas livrarias e está a venda também  através do site da editora – www.estacaoletras.com.br

Espero que se alegrem com a novidade e comemorem conosco.

 

um grande abraço

 

Kathia Castilho”

DUS*****INFERNUS NO BLOGVIEW HOJE

Hoje tem coluna minha no Blogview e é super de coração tudo aquilo que escrevi sobre o “mito“ Hedi Slimane. Eu não gosto e quero ter o direito de não gostar. Vamos desafinar o coro dos fashionistas contentes!

Porque antes de mais nada eu quero construir o meu olhar, e só. Mesmo que tenha que repensar toda a moda hoje. Chega de fórmulas prontas, enviadas diretamente para afirmarem uma certa suburbanice nossa como a cartilha distribuída pelo Comitê Americano no Pan aos seus atletas sobre o Brasil e seus perigos. Muitas vezes sinto lendo cartilhas. Então eu que faça a minha Que eles morram pelo visão clichê. Que eu quero é cachê, isso sim…

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Fui na farmácia me entupir de novos antibióticos e senti um perfume forte nas pessoas durante o caminho. Não falo de perfume vagabundo porque o Antídote do Viktor&Rolf cheira bem forte… É o efeito inverno ou agora vamos copiar os franceses até nisso?

COMUNICADO ZOOMP

Nada de novo no front! Todas informações já foram reveladas nos blogues e na Folha, mas as entrerlinhas desse comunicado oficial solto agora à tarde pela assessoria de imprensa da marca é muito interessante como a necessidade de crescer em todos os sentidos.

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“Há 33 anos no mercado, a Zoomp é uma das marcas de jeanswear mais consistentes e importantes do país. Sua trajetória, sempre representada pelo clássico raio amarelo, se mistura com a história da moda no Brasil. Objeto de desejo nas décadas de 80 e 90, a Zoomp faz parte da memória de muita gente. Seu fundador Renato Kherlakian construiu uma marca sólida e de vanguarda, preparada para entrar no século XXI. E foram justamente esses atributos que levaram a grife a ser comprada pela HLDC, há um ano. A holding comandada pelos sócios Enzo Monzani e Conrado Will tem planos bem definidos para o futuro. Para isso, foi criado um conselho estratégico formado pelos mais conceituados profissionais do mercado.   Convidado para assumir a presidência da Zoomp S/A, o economista e expert em construção de marcas Vicente Mello traz um modelo arrojado de gestão de negócios: “Vamos construir um grupo de gestão de marcas com grifes sinérgicas e complementares”, explica ele. Essa estratégia não é novidade na Europa e nos EUA, onde, há muitos anos, grupos poderosos atuam em várias áreas e detém diversas empresas. À frente da diretoria de marketing está a executiva Márcia Matsuno, que integrou a equipe de marketing da marca nos anos 90 e durante seis anos foi sócia-diretora do SPFW. “A Zoomp faz parte da memória da moda brasileira. Por isso mesmo, o que vem pela frente vai ter grande referência na história da marca”, diz Márcia. Entre os outros diretores da Zoomp estão Cláudio Pessanha, diretor comercial, há 15 anos trabalhando com a marca e cuidando dos canais de comercialização e merchandising, e Ocimar Bromatti, diretor de Supply Chain, responsável pela agilidade e assertividade de toda a cadeia produtiva, unindo conceito e inovações tecnológicas, para garantir que a autenticidade do produto Zoomp chegue às lojas.  Alexandre Herchcovitch, o estilista mais importante do Brasil, volta ao grupo como diretor criativo, cargo que ocupou de 1998 a 2002. Para ele “é um prêmio voltar para a Zoomp, uma das mais famosas marcas de jeanswear do país. Vamos nos especializar ainda mais neste segmento criando um lifestyle casual. Este é o talento histórico da marca”, adianta o estilista.  Herchcovitch também assume um cargo inédito no mercado de moda brasileiro: o de curador criativo da Zoomp S/A, responsável pela escolha de grifes de perfis diferentes a serem adquiridas pelo grupo.  E o que vem por aí ultrapassa meras projeções de crescimento e ambiciona, além de aumentar o número de lojas Zoomp de 18 para 80 em todo o país, estabelecer exigências de produtividade e rentabilidade em toda a cadeia, imprimindo ao mercado de moda um padrão ainda pouco comum no Brasil.”  zoomp.jpg