Arquivo do mês: outubro 2009

FORÇA NA PERUCA

Lição pra vida ou como diz o velho ditado: “Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”

SERÃO MESMO OS OMBROS DOS ANOS 80 EM 2000?

pg-7-gaga-rex_250501t
Lady Gaga, ícone dos anos 2000

2009, quando pensávamos que os anos 80 estavam finalmente acabando como releitura no terceiro milênio, vemos de repente, como uma fênix – a ave mitológica que ressurge de suas próprias cinzas –, a volta triunfal, pelo menos na moda, da chamada década dos yuppies e rappers. Concluindo, quando a gente achava que com a morte de Michael Jackson, ícone maior daquela década também seria a morte simbólica da releitura dos 80 e os anos 2000 iriam dar de ombros pra chamada década perdida, ledo engano…
Quem deu o pontapé inicial foi Marc Jacobs. O desfile do estilista para o inverno 2009 foi um dos mais aguardados da temporada e com certeza um dos highlights da semana de moda de Nova York. E o que ele nos mostrou em tom otimista? Cintura alta, brilhos, blazers e vestidos estruturados e, é claro, foco nos ombros.
00350m
Marc Jacobs inverno 2009

Depois dele muitas passarelas também levaram seus holofotes para os anos 80 a ponto do próprio Giorgio Armani declarar que sua coleção de inverno 2009 era assumidamente feita da “estética e dos shapes do anos 80”.
Donatella Versace também olhou para uma década que ela conheceu bem e suavizou o power dressing ao contrário da Maison Martin Margiela que prefiriu radicalizar o poder das ombreiras recebendo muitas críticas negativas das editoras internacionais.
Já no verão 2010 não teve pra ninguém, Balmain que voltou a ser foco na moda dos 2000 aposta nos ombreiras assim como na jaqueta militar tão amada pelo Michael Jackson e que virou uma espécie de uniforme do cantor. É importante colocar que no contexto pop, essa jaqueta tem origem icônica com os Beatles e o álbum “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, mas Michael conseguiu tomar pra si essa peça e carcterizar os 80’s.
00010m
a jaqueta de Michael na Balmain, verão 2010
00040m
ombreiras no verão piriguete 2010 da Balmain

Mas de todo esse revival, o que é importante notar é que a década de 80, nessas duas temporadas esse ano, trouxe a reafirmação dos ombros, com foco nas ombreiras como vimos em outra importante coleção de verão 2010, Givenchy.
00030m
Givenchy verão 2010

Apesar das ombreiras estarem coladas ao imaginário dos anos 80, elas começaram a ter evidência muito antes, na década de 30 quando Adrian colocou almofadinhas trilaterais costuradas na parte interna dos ombros de vestidos de dois mitos hollywoodianos, as atrizes Greta Garbo e Joan Crawford. Logo virou moda e estilistas como Rochas e Schiaparelli adotaram as ombreiras que entraram no guarda roupa tanto masculino como feminino da década de 30 e principalmente 40.
Se, nos 80, as ombreiras eram signo do poder das mulheres no mercado de trabalho, acredito que a simbologia das ombreiras hoje estão mais conectadas com a década de 40 – os anos da 2ª Guerra – elas são como que um prenúncio de resistência e força das pessoas para tempos difíceis anunciados, uma resposta de sobrevivência e não uma afirmação de poder.
sjcf_01_img0005
Joan Crawford e as ombreiras feitas por Adrian para o filme “Humoresque”, 1946

OS ANOS 80 – UM RECORTE

1982_06052009_1
Os anos 1980 parecem nunca terminar, pelo menos para quem vive na primeira década do terceiro milênio. Desde o começo dos anos 2000 que sinais de revisitação da chamada década perdida (nome dado pela imprensa para a estagnação econômica dos países latino-americanos na época) são sentidos na música, nas artes e na moda. Mas é interessante notar o quanto é muito peculiar a visão que os jovens de hoje tem em suas releituras da década de 80. Eles enxergam liberdades em um período que foi completamente conservador em relação aos anos 70 e 60.
Em política, a eleição do republicano Ronald Reagan nos Estados Unidos e da dama de ferro Margaret Thatcher na Inglaterra selou uma nova era pra economia mundial: o neoliberalismo sem intervenção do Estado. O hoje chamado reaganismo sofreu sua mais dura apunhalada pelas costas pelo próprio capitalismo que o alimentou. A crise hoje, de 2009, tem sofrido uma dura intervenção do Estado na compra de bancos e empresas falidas, algo impensável e totalmente condenável nos anos 80.
Em artes, foi a década que assistiu a volta à pintura, às telas, depois de duas décadas de arte conceitual. Muitos críticos acreditam que foi uma armação das galerias pra poderem ter objetos para vender – já que as performances e intervenções eram bem pouco palatáveis como produto para muitos compradores de arte -, mas a força ainda hoje de quadros como os de Anselm Kiefer colocam em xeque esse argumento. Assistimos hoje, em São Paulo, depois de todo maneirismo do conceitual já super inserido e amansado dentro da chave do mercado das artes, novamente uma volta à pintura. Esse retorno está sendo realizada por jovens artistas que como a Casa 7, tem uma fixação por números em seu nome, o chamado coleitvo 2000 e Oito e também por artistas como Rodolpho Parigi e Marcos Brias.
Foi nos 80 também que o curador avançou terreno se transformando em artista ou pensador. O caso da curadora Sheila Leirner na Bienal de São Paulo em 1985 que juntou todas as obras do chamado neo-expressionismo em um grande corredor que ficou conhecido como a Grande Tela denota a importância nunca antes sentida e obtida por um curador. Ao utilizar o artista a favor de seu discurso e pensamento, o curador funda uma nova fase nas artes, no qual ele mesmo pode ser visto como artista.
Também é nos anos 80 que o grafite ganha status de arte e passa frequentar galerias, um contrasenso para alguns críticos para com a chamada arte de rua. Para eles, essa operação de levar o grafite para a galeria o enfraqueceu como manifestação espontânea.
grandetela85
A Grande Tela, 1985, o curador como artista

Hoje temos a figura do curador como persona central nas artes sedimentada lá nos anos 80, mas o impasse do grafite e das manifestações da chamada arte de rua parece ainda não solucionado. Basta lembrar do lamentável caso da prisão de uma pichadora por intervir na última Bienal, a de 2008, conhecida como Bienal do Vazio. Ao invadir o espaço do curador, o chamado andar vazio do Pavilhão da Bienal, ela – a pixadora – afrontou o pensamento construído pelo então curador Ivo Mesquita e sua escudeira Ana Paula Cohen. Questões essas estavam todas sendo debatidas nos anos 80, só que naquela década de forma mais progressista e menos opressora.
Em música pop, temos um profusão de gêneros vindos da avalanche punk: new waves, new romantics, os inúmeros estilos hardcores até o grunge. Todas mais comerciais e menos radicais que o punk. Temos também a entrada do hip hop e com ele a música eletrônica começa a ganhar mais espaço, afinal até o rock começa a se utilizar de sintetizadores. Mais pro fim da década, a acid house, a hpsue e o techno saem dos guetos negros de Chicago e Detroit e ganham as rádios. O que se relê hoje da música dos anos 80 é principalmente o rock, talvez a faceta mais acessível musicalmente da década. Em contraposição aos 90 e a música eletrônica que de certa maneira sai da lógica tonal para algo mais modal e experimental, podemos hoje dizer que as novas bandas de rock que tanto sucesso fazem são responsáveis por um certo retrocesso musical dentro de certo contexto, pois além de muitas delas serem pastiches de bandas dos anos 60 e 80, por mais que gostemos de suas sonoridades, elas apontam para uma regressão da audição para o tonal mais palatável, o mesmo acontecendo com uma boa parte da música eletrônica que nos anos 2000 ficou mais comercial, repetitiva – não como as escalas modais pedem mas de ideias. A house bate-cabelo que o diga, ou grite.
Uma nota importante: A rainha do pop Madonna criou um estilo próprio no começo de sua carreira, nos anos 80, com luvas de rendas, faixas na cabeça e colares com crucifixos e símbolos religiosos. Hoje, ela simplesmente segue as tendências.
Por fim, a moda. Nos 80 temos a revolução japonesa causada pela chegada de Rei Kawakubo e Yohji Yamamoto em Paris, somando com outro nome, Issey Miyake, estava formado aquilo que seria conhecido como japonismo. O preto toma conta das passarelas, assim como novas formas e tecidos tecnológicos, experimentações de novas silhuetas. Looks que lembravam os mendigos recebe dos críticos de moda o nome de pauperismo. Do lado ocidental, o ultra sexy de Azzedine Alaïa, Claude Montana e Thierry Mugler também ganham notoriedade assim como o deboche de Jean-Paul Gaultier, que na época era chamado de “enfant terrible” da moda. No fim da década contra todo o conceitualismo do japonismo que reinou no imaginário da moda surge o barroco de Christian Lacroix.
vintage-comme-des-garcons-1987-80s-1980s
Vestido Comme des Garçons, 1987: pauperismo, preto, japonismo, revolução

A força das idéias inovadoras do japonismo não parecem ter tanta força hoje na releitura que temos dos anos 80, nem o barroco de Lacroix que está em processo de falência com sua marca. O foco hoje é mais voltado para o chamado power dressing, isto é, uma roupa que indica o novo poder econômico que mulheres ganharam nos 80. Então ombreiras, blazers estruturados e cintura alta são os itens em alta nessa incansável revisitação que os anos 2000 estão fazendo de uma década que foi muito plural, mas essencialmente conservadora. E pela leitura progressista que a geração do terceiro milênio faz dela, comprova que vivemos tempos mais conservadores ainda.
power dressing_2
Power Dressing: Força nas ombreiras

[Esse texto revisto e ampliado foi publicado de forma mais resumida no site da TAM]

SALVE GUERREIRO

regina-guereiro
Não vou no Prêmio Moda Brasil esse ano pois estou em fechamento brabo. Apesar de não encontrar com alguns bons e queridos amigos da moda para uma sessão de risos como o ano passado, meu único pesar é não ver a homenagem à top editora e jornalista Regina Guerreiro que promete ser o ponto alto da festa. Com sua fama de diaba, ela subiu aos céus da moda e mesmo tendo seus detratores e colhendo inimizades durante sua vida sempre agitada, ela tem, por parte de uma nova geração de moda, todo o reconhecimento e admiração. Muito se deve ao fato de, em meio a uma relação muito promíscua entre estilistas, assessores e jornalistas, ela sempre escreveu e falou o que pensava – na medida do possível. “Tem anos que eu recebo flores, tem anos que eu recebo pedras”, disse Regina sobre o prêmio.
Nunca vou esquecer dela nas históricas e deliciosas transmissões da Direct Tv comentando que deveriam ter dado um sutiã ao Francisco Cuoco durante o desfile da Cavalera, porque ele estava muito peitudo.
Ela começou como secretária da editora Abril, em 1964 e logo começou a assinar uma coluna na revista Manequim, que era mais voltada ao público jovem. Não demorou muito e ela estava no comando da Claudia, Manequim, Ilusão e Contigo. Demitida da Abril por ser sofisticada demais, caiu na Vogue para fazer história. Ela conta: “Depois de quase 14 anos no comando, teve um dia que o Luis [Carta] esmurrou a mesa de reunião e gritou: ‘Essa revista se chama Vogue e não Regina Guerreiro’. Ficou claro para todos que a minha personalidade havia tomado conta da publicação”. O resto é mito!
Seu conhecimento de moda e de cultura, suas tiradas e frases de efeito, sua produção visual que podemos ser brindados hoje pelas duas edições anuais da Caras Moda só reforçam a admiração que o mundo da moda tem por ela. Sem falar do altíssimo grau de inteligência: “A gente não está aqui para reproduzir a realidade. Estamos aqui para sonhar a realidade”.
Salve Guerreiro!

TCHAU FASHION ROCKS

No meu festival teria as seguintes bandas/músicos tocando para as seguintes marcas:

Música/ Moda

Calypso = Prada [já que Joelma é Prada]

Pirigóticas = Balmain

Mc Créu = Versace

Carla Perez = JLo by Jennifer Lopez

Farofa Carioca = Osklen

Wanessa sem Ja Rule = Marcelu Ferraz

Lady Gaga com Ru Paul = Walério Araújo

The Gossip = Camisaria Varca

Massacration = Gareth Pugh

Tati Quebra Barraco = Calvin Klein (mas só na festa)

Vai, tem muito mais sentido do que o que aconteceu no sábado. OI?

Bjork_-_Homogenic-front

Por fim, pra encerrar esse assunto de vez, olha como fica incrível quando o artista tem tudo a ver com o estilista. Björk muitas vezes usou vestidos de Alexander McQueen, seja nos clipes, no palco ou mesmo na vida real. E arrasou no Fashion Rocks exatamente cantando para a coleção do estilista inglês.


ZEZEEEE te dedico, a mamãe arrasa!

RAPIDINHAS DA CASA DOS CRIADORES SOBRE OS NOVOS RUMOS

3913188290_62ef7fdc58
A loja da Casa de Criadores já abriu e vai ter apresentação pocket do Stop Play Moon no sábado, dia 31, lá pelas 16 horas. Agora o que pra mim foi bacana é que a loja deu mais sentido pra semana organizada por André Hidalgo e por sua nova diretriz no evento. Os estilistas, todos que desfilam no evento, tem que sair do mundo maravilhoso das passarelas e entrar na vida real, isso é, apresentar produto e é muito bom examinar na arara o que de conceito virou possível comércio.
Alguns anunciaram que a semana acontece nos dias 25 a 27 de novembro, mas a verdade é que a Casa vai virar um evento de 6 dias, do dia 22 ao 27 do mesmo mês. A novidade é que dois dias vão ser reservados para desfiles externos. Walério deve desfilar na Estação da Luz e as Gêmeas no Museu da Língua Portuguesa ou vice-versa ( ai gente, isso é blog, quem quiser que apure melhor amanhã na coletiva que André Hidalgo dará na loja da Casa dos Criadores), e por fim Gustavo Silvestre encerra o evento.
Falando em Gêmeas, tenho adorado ler as poesias de Isadora em seu blog. A relação dela com a escrita está cada vez mais forte, passando de mera diletante das letras para a ação da escrita. Vale visita. Assim como o flickr de sua irmã, Carolina que tem tirado belas fotos. É tão bom quando estilistas se posicionam e procuram outras formas de expressão para a imagem de sua moda. Ah! E elas vão estar numa espécie de reality do GNT em novembro que vai ter também o Wilson Ranieri e mais gente bacana que eu não lembro agora pois hoje é segunda e eu já estou lesado. Tchau Fashion Rocks!
3808008119_8dc3bbf16f
As duas fotos são de Carolina Foes Krieger

PENSAMENTO FRACO DE DOMINGO

[por @pedrobeck] Faculdade não moda nada.

OI? FASHION ROCKS

0,,31506462,00
Talvez o que mais foi esclarecedor pra mim no Oi Fashion Rocks foi Wanessa imitando as cantoras pop americanas, escondendo uma certa vontade de Shakira – “a cucaracha que chegou lá”. Não existe novidade nessa comparação da neta de Francisco com as J.Lo e Beyoncé da vida, mas é bem claro que revela essa vontade do Brasil de entrar realmente no primeiro mundo da cultura, seja ela pop ou erudita. Wanessa é do mesmo sinal que o desejo que temos ao querer que nosso país leve o Oscar de melhor filme estrangeiro ou que nos fez radiantes por demais diante à vitória do Rio para sediar as Olimpíadas em 2016 e, porque não, ser o palco do primeiro Fashion Rocks da América do Sul. Enfim, Wanessa resume e explica o Oi Fashion Rocks. É a tentativa de shakirização do país.
Pena que essa atitude é feita pela cópia, seguindo modelos e não pela originalidade, para dar uma resposta diferente ao mundo.
Mas voltando ao Fashion Rocks, apesar do nome fashion, ele é só um mero coadjuvante. A moda fica sempre em segundo plano, e não é só na transmissão que foi feita aqui, quem já assistiu outras edições sabe que se vê pouca roupa pois a atenção das câmeras tambem tem que estar na banda que está tocando. Talvez a desculpa com fundo excludente seja que “todos” já viram esses looks nas coleções passadas. Tá, se a visibilidade das roupas é prejudicada na televisão/internet – que é o elemento de grande importância desse evento – então porque chamar, no caso brasileiro, uma grande stylist como Katie Grand, se mal vamos conseguir ver o trabalho que ela fez com as marcas, como ela editou e pensou cada uma. Não consegui, nos vídeos que assisti, entender um pensamento da fofa. No fim, as modelos fazem mais uma participação coreográfica de fundo. Esse pra mim é o grande ponto fraco do Fashon Rocks, não se vê moda em nenhum canto, existe uma miragem de moda. E até agora esse problema não foi resolvido seja no primeiro mundo seja no mundo de Shakira.
Outra coisa que me parece menos ruim, mas é muito desagradável, é a falta de organicidade entre música e moda no evento – novamente não só no Rio, mas em todos os que assisti na tv. Explico melhor, o que os estilistas criam e refletem nada tem a ver com a música que é tocada. Um exemplo hipotético: na trilha da Dior Homme de Hedi Slimane pensa-se exatamente em Franz Ferdinand ou The Libertines mas o Fashion Rocks nunca se atentaria a isso e poderia por exemplo chamar o Dj Tiesto pra tocar para a Dior de Slimane. Não há como preocupação primeira o verdadeiro diálogo com a moda e a música. No caso brasileiro, tivemos um golpe único de sorte, com a substituição de Lulu Santos, que está com problemas de saúde, pela banda Stop Play Moon no desfile de Alexandre Herchcovitch. Que estrela tem Herchcovitch, pois teve como vocalista a sua musa máxima Geanine Marques que é da banda. Fez todo sentido. Eu adoro Lulu, mas ele não tem nada a ver com Alexandre e seu universo. Mas bem que seria interessante ver ele cantando: “eu vejo um novo começo de era…” e aparecer um monte de caveira do estilista na passarela.
Tudo bem, acho que Daniela Mercury pode dialogar com Lino e Grace Jones com Marc Jacobs mas o resto faz muito pouco sentido.
E é pelo elogio da performance de Grace Jones que percebemos outra falha, a falta de boas imagens da música (já que a moda fica apagada, de fundo, cabe à música produzir imagens), imagens que marquem, provoquem, encantem. Grace foi a única que soube fazer isso e com sua simples troca de acessórios e uma capa muito especial derrubou a farofa da macumba da Mercury, os bailarinos da Mariah e a lamentável escola de samba no final, pra marcar que estamos no Brasil (ô pobreza). Foi incrível que nas 3 músicas, Grace criou impacto só na troca de máscara e chapéu e conseguiu produzir uma imagem poderosa que ficou lindo no vídeo com a apoteose dela cantando “Slave to the Rhythm”.
O resto sinceramente pra mim foi OI?
0,,31222332,00
Donatella, te amo até mais que seu preenchimento labial, OI?

A ELEGÂNCIA

Como a mítica Eldorado, o tesouro escondido das amazonas, a definição de elegância é uma relíquia perseguida e almejada por muitos fashionistas. A Cris da Oficina de Estilo escreveu um texto que me fez pensar muito sobre o assunto. aliás sua premissa é toda a razão desse texto. Ela começa dizendo: “Ô palavrinha difícil de definir, né!?! Fica muito mais fácil citar pessoas elegantes, exemplificar com imagens, descrever um ícone. E o mais difícil é explicar a ideia de que elegância não depende só da roupa que se usa, mas está mais relacionado a atitude!!!”.
Em recente entrevista que fiz com o estilista Alessandro Sartori da Z Zegna, ele diz que a linha entre ser ou não ser elegante é quase imperceptível e está no sujeito saber atravessar essa fronteirae que para isso é preciso auto-conhecimento.
Já a Vivi Whitman, no blog Última Moda, escrevendo sobre estilo também pede atenção para o realmente importa: a elegância. Ela escreveu sugerindo: “que tal começar substituindo o estilo pela elegância? Ai, que saudades da elegância. Ela, para começar, não se compra. Depende do gesto, do pensamento”.
Percebemos que existe uma ação do sujeito (atravessar a fronteira da elegância), e muito dessa ação poderia ser de cunho “espiritual” pois dependia mais do impalpável (gesto e pensamento) do que de algo material (a compra). Mas ainda parece que a ideia de elegância não se fecha.
A primeira resolução foi correr ao dicionário. Lá encontrei:

Elegância [vem do latim elegantia] S.f. 1 . Distinção e porte, de maneiras; donaire. 2. Graça, encanto, garbo. 3. Gosto; bom gosto. 4. Gentileza, finura, amabilidade. 5. Delicadeza de expressão; cortesia. 6. Apuro, correção, graça. 7. Proporção adequada entre os elementos de uma composição artística; harmonia.

Essas definições parecem não ajudar muito, então fui mais fundo na raiz do problema, no Dicionário de Latim encontra-se as seguintes definições:

Elegantia ou elegantae quer dizer s.f 1) Escolha, bom gosto, elegância, distinção. 2) Correção, clareza.
Seu advérbio êlegânter quer dizer: Com escolha, com bom gosto, com distinção.
E o adjetivo êlêgans, êlêgantis se refere a 1) Que sabe escolher, de bom gosto, distinto 2. Seleto, bem escolhido, fora do comum, elegante, esmerado, apurado 3) Castigado, correto, puro (tratando-se do estilo).

A palavra chave é escolha. A elegância consegue-se com a ação do sujeito de fazer escolhas com clareza e correção para si. Para isso é preciso distinção, ser distinto dos outros, ser indivíduo, portanto longe do senso e do lugar comum.
As dúvidas na escolha, em sentido amplo, significa fraqueza de elegância, pois se você se conhece você sabe o que escolher. Essa também é a fronteira da distorção do auto-conhecimento para o que Regina Guerreiro chama de “auto-ajuda fashion” e sua regras para o que é certo ou errado na moda. “Sou contra qualquer corrente que dita o que você deve usar com quê. Para mim não existe regra, não existe certo ou errado, nem na moda nem na vida. Gostoso é a emoção de experimentar. É melhor errar catastroficamente do que nem tentar”, diz a grande editora de moda no Caderno Ela.
A elegância, talvez a alma da moda, deve pairar acima de um certo e errado generalizado e sim ser parte do pensamento do que é certo ou errado para cada um. Individualidade, daí nasce a elegância.

royal_victoria
Dois ícones da moda em seus respectivos tempos, a Rainha Vitória da Inglaterra e Audrey Hepburn adotaram o preto. A confusão reside em acreditar que a cor preta é sinal de elegância. Elegante foi como elas escolheram a cor para representar os seus sentimentos, a sua alma. Uma para mostrar o luto fechado e a tristeza da morte de seu grande amor [por mais que versões invalidem essa ideia de que o príncipe Alberto de Saxe-Coburgo-Gota foi seu grande amor, foi a imagem que ficou no imaginário] e a outra para mostrar a rebeldia de um novo tempo que surgia no final da década de 50. A elegância está na escolha que você se faz.
audrey

ENFEZADA

Dizem que a palavra vem do acúmulo de fezes retidas no intestino que acaba te deixando de mau humor. Só essa explicação mesmo pra essa cara de Carine Roitfeld. Não faz a bipolar, amore. Um dia tá a lokona da buatchy e no outro Índia Cara Fechada. Ebó forte!
00270m