Arquivo do mês: agosto 2007

LADY DI NOVO É ASSUNTO DA COLUNA DUS*****INFERNUS NO BLOG VIEW

Quer saber como a Lady Di é uma personagem de novela? Vai lá no Blog View!

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MENINOS EU VI… (LADY DI)

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Estava em Londres no dia 31 de agosto de 1997. Era uma longa temporada que passava na cidade, acho que fiquei uns 4 meses por lá em um dolce far niente e o verão estava delicioso, “apesar dos italianos”, – diziam os londrinos com ar parisiense ao se referirem aos turistas barulhentos e alegres da Itália que invadiram a cidade.

Lady Di nunca foi muito assunto de minhas preocupações nem de meus amigos ingleses, quase todos republicanos e anti-monarquistas. Lembro bem de um piquenique na Soho Square, que apareceram uns amigos que estavam trabalhando para almoçar na praça e no meio da conversa todos me falaram que achavam ela uma típica inglesinha de merda, que fazia muito bem seu papel na grande novela mexicana que são os membros da família real. Isso são palavras deles e lembro que olhando pra mim falavam: cada povo tem a soup opera que merece!

Passado um mês dessa conversa, por um milagre estava em uma festa em uma “casa” e todos estavam na sala dançando (não, isso não acontece com freqüência por lá). De repente as pessoas foram sumindo da sala. Eu já bêbado e um pouco dentro do chamado estado alterado de consciência, fui ao banheiro. No caminho vejo um multidão em uma sala com a televisão ligada. Diana died, dizia o noticiário.

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Uma imagem que não saiu nunca da minha cabeça é que logo que a notícia foi dada, muitas pessoas saíram dos clubes e foram direto para porta do Palácio de Buckingham levar flores. Foi algo espontâneo e toda uma horda de cabelos azuis, olhos vidrados, roupas de plástico, cores douradas invadiram as primeiras horas do luto. Foi um “velório” que começou colorido. E foram os clubbers que iniciaram a onda de flores que depois iriam fazer um verdadeiro tapete em muitos palácios da família real.

Foi uma semana estranha que se seguiu, nem esses meus amigos que odiavam a Lady Di tiveram uma reação diferente da maioria. Era desolador, muitas lojas indianas penduravam fotos de Diana com os dizeres: “A Princesa de Nossos Corações”. Muitos bairros negros também pintaram retratados, cartazes dela na rua. Foi também um “velório” multi-racial.

O resto todo mundo já sabe, o escândalo da família real de não devotar devidas homenagens a Lady Di e o discurso da rainha Elisabeth na televisão com aquele inglês que parecia cacarejar um texto totalmente protocolar. Lembro de assistir na casa de John, um grande amigo que era do Fura del Bals, e ao final, ele vira para mim e diz: “Que mulher estranha!” Sutilezas da língua que eu não peguei

Ao mesmo tempo resolvi fazer um filminho super-8 da situação.e com dificuldade filmamos o cortejo. Fui com uma amiga suíça, a Karen e tínhamos uma cena importante que era na hora que passasse o caixão, ela cruzaria a multidão bebendo uma garrafa de uísque. Ficamos tão perplexos  com o estado emocional das pessoas que deixamos o cortejo passar e só fizemos a cena depois.

De qualquer forma ninguém passou impune ao fato, e não foi só na Inglaterra. E a partir daquele momento nascia uma lenda.

A VIDA COMO INTERNET

A internet está tão forte nas nossas vidas hoje que muitas vezes eu me sinto em situações reais como se estivesse navegando no cyberespaço. Foi essa a sensação que tive na noite de ontem, terça, dia 28.

Começou que Fernanda (da Oficina) e eu parecíamos não acertar a URL, quer dizer não acertamos o local de um filme que queríamos assistir, porque nos passaram o endereço e o horário errado e perdemos boa parte de “Lagerfeld Confidential”, de Rodolphe Marconi, exibido no Filme Fashion em uma sessão extra.

Deu para assistir a última meia-hora do filme e se deliciar com a pose, os inúmeros anéis tilintando, a jaqueta dourada que Lagerfeld usou para ir na “buati” e as declarações do tipo “o casamento é uma instituição burguesa”, ou algo como “não me venha com clichês, eu não sou uma pessoa solitária, eu sou uma pessoa criativa e pessoas como eu não conseguem dividir seu tempo com outras”, ou melhor ainda “as relações na hora que passam do idílico para a realidade, elas começam a acabar”. As aspas são porque não foram ditas exatamente assim, mas o sentido é esse, sabe, memória, coisa de velho…

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Lagerfeld Confidential: eu não vi essa cena!

Depois do filme, meio frustrados por ter perdido boa parte da película, começamos a conversa com a Lara Gerin que tinha visto o filme todo e o do Wim Wenders com o Yohji Yamamoto, o “Notas sobre Cidades e Roupas”, também em outro dia. E linkou que ambos estilistas declararam nos dois filmes que não se sentiam de lugar nenhum. Pensei como a moda contemporânea tem essa dificuldade mesmo de uma certa identidade nacional, de pertencer a uma nacionalidade.

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Notas sobre Cidades e Roupas

Aí a stylist que já foi modelo contou histórias tragicômicas como uma no começo dos anos 90 que ela não conseguiu pegar o desfile da Chanel porque ela não conseguia descer a famosa escada  em caracol da maison sem olhar pra baixo. “Dava um medo danado porque a parte fácil de descer que é o canto não podia, tinha que ser no centro e qualquer deslize poderia cair de cara”, lembra Lara.

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Depois também não pegou o desfile do Thierry Mugler porque  tinha um centímetro a mais no quadril. “Culpa da descoberta da Nutela” segundo ela reforçando nossa sina de Martha Rocha.

Persistente, não desistiu. “Mas o do Montana eu consegui”, conta. Também que foi atacada por macacos, no Amazonas, durante uma sessão de fotos, já como stylist, tudo culpa de uma bananinha que estava comendo. E que ao contar suas histórias tragicômicas para um maquiador em um outro editorial, o cara riu tanto que, sem perceber, perdeu o equilíbrio e caiu de costas em um desfiladeiro.

Momento glamour total de Lara! Apesar de certas tragédias, ela foi modelo de prova por 4 meses do Issey Miyake “em si”. Lembrou com carinho que ele a convidava sempre pra jantar depois de um dia inteiro de trabalho. Ela entrava às 8 horas e saia às 19 horas.

Nesse momento, somos interrompidos por alguém que avisa que o Walter Rodrigues começou sua palestra sobre moda e dança. Chegamos na sala e o que está passando? Um vídeo com a coreografia de Stephan Galloway para um desfile de Miyake “em si”.

Foi  assim o tempo todo. Um assunto e uma situação linkava na outra, navegamos por inúmeros ambientes, bate-papos, e assuntos/janelas se abriam, tudo meio incompleto como a internet, como vida .      

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eu e Lara na vida real ou será na internet?

CROCS, SHOWSTUDIO & FILME FASHION

Como um Flávio de Carvalho dus infernus, resolvi sair na rua mesmo com as minhas “aconchegantes” Crocs, depois de vencer uma certa vergonha de calçá-las e da minha breve experiência contada em post anterior. 

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Crocs hoje é uma unanimidade fashion no quesito “a mais nova pata de bode de plástico”, mas como é sempre divertido confrontar o chamado bom gosto, me inspirei no artista plástico que saiu nas ruas de São Paulo na década de 1950 com uma saia e fui ao Filme Fashion, o evento que poderia topar com o maior número de fashionistas possíveis essa semana. 

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O teste drive foi meio frustrado pois nem Lílian Pacce, nem Alexandra Farah repararam em tal “aberração”, ou finas preferiram silenciar, o que duvido pois tenho intimidade suficiente com elas para tirarem sarro forte da minha cara. Apenas Biti Averbach falou, olhando com um pouquinho de nojo, que não gostava desse calçado exatamente na hora que eu pedia para a Fernanda Resende tirar uma foto de minhas “anatômicas” Crocs” que de meia resolvem o problema do pé molhado.  

Realmente uma coisa que a Crocs não deixa é o chamado “pé bonito”, com um misto de tamanquinho holandês e pé de pata arredondado, pode-se falar de maneira simpática que no mínimo ela tem uma forma muito inusitada. 

Mas foi sem problemas que assisti a delicia de palestra da Penny Martin que você pode ver como foi na descrição deliciosa da  Fernanda Resende no Blog View. 

E hoje, terça, às 19h30, dizem (os organizadores desse festival são beeeeeeeeeeem loucose e eu adoro essa loucura) têm sessão extra de “Lagerfeld Confidential”, quem perdeu e estiver próximo do Shopping Iguatemi, em São Paulo corre lá. Eu também não vi, mas a Biti viu.

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Blog View + SHOWstudio no Filme Fashion

PÉS SUADOS

A Maria Prata já falou dos pés que suam quando em sandálias de plástico e o Sylvain Justum pôs abaixo as Crocs deixando claro que são um atentado ao bom gosto. 

Ganhei uma Crocs, essa praga que invadiu a Europa, e a deixei guardada por muito tempo. Não dispensei direto muito por uma simpatia com algo que o primeiro foco era ser um calçado que não derrapasse e não marcasse o deck de um barco, acabar ganhando as ruas. E principalmente por fazer e questionar gostos. 

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Crocs no bom gosto

Fui jantar bem perto com amigos muito íntimos e resolvi usar minha Crocs para ver como é a sensação. Como o programa era com amigos e o restaurante perto, se sentisse um desconforto fashion seria por pouco tempo. 

Mas pelo contrário, adorei usá-lo, achei super confortável, mas tem a praga dos pés que suam.

Talvez seja esse incômodo que faça algumas marcas de calçados de plástico como a Melissa, cada vez mais se voltarem para o apelo fashion, fazendo e trabalhando com estilistas e stylists bacanas para surtir o desejo de moda e esquecermos que inevitavelmente nossos pés podem acabar molhados depois de um tempo de uso. 

E os resultados estéticos em geral são muito positivos. São lindos os novos modelos da marca feitos pela estilista inglesa J. Maskrey e o chinelo de dedo reeditado pelo queridinho Judy Blame. Sem falar o do criado pela Isabela Capeto que infelizmente não consegui foto.

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modelos de J. Maskrey

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reedição de chinelo de dedo de Judy Blame

PS: As meninas da Oficina de Estilo também falaram sobre sapatos de plásticos em tons verde e amarelo. Que Marc Jacobs que nada! 

PENSAMENTO FRACO DE DOMINGO

Para o povo do Cansei: Caguei!

TARDE NO FILME FASHION COM A BITI (E EU PIRANDO NA PERNET)

Combinei com Biti Averbach de irmos ao Filme Fashion na palestra sobre blogues, intitulada “Jornalismo Colaborativo”, com a top blogger Diane Pernet, a Penny Martin que cuida do SHOWstudio e o fotógrafo Dino Dinco, além da curadora do evento Alexandra Farah. o bate-papo aconteceu às 18 horas do dia 25 de agosto, sábado.

Foi tudo bem descontraído e informal onde todos eles descreveram como funcionam os seus blogs e como cada um lida com a ferramenta da interatividade. Nada de muito novo no front.

A uma certa altura não conseguia mais prestar atenção em nada, era só miss Pernet que me chamava a atenção. Suas roupas amplas, elegantes, toda de preto, seu véu sevilhano em eterno velório. o pente com um adorno complexo de prata para sustentar o cabelo para cima. Suas plataformas lembravam muito uma da Prada, preta logicamente, seu colar de bolas, adivinhem? Pretas. E por fim o seu batom vermelho em uma pele muito branca.

Na realidade não era todo esse look cheio de originalidade que mais me chamou a atenção, mas sua presença durante todo o bate-papo. Sempre que surgia um discurso politicamente correto, ela sorria monalisamente. Era desafiador ficar vendo que atrás daquele sorriso estava algo a mais, um pensamento um pouco menos conciliador, aquilo que eu chamo de ironia fashion, que ao concordar discorda.  

Depois fomos jantar, Biti e eu, e conversar da vida que, graças a Deus, é maior que a moda. 

PS: No final da conversa, respondendo sobre “O “tema da moda: Sustentabilidade, Penny Martin falou do perigo de banalização do assunto pelo fato dele estar na moda e tratarmos como um assunto de moda pois é algo muito mais sério que isso segundo ela. E Dino Dinco foi mais longe ao falar que a questão está com o foco errado, o problema não está apenas nas empresas que não vendem produtos ecologicamente correto, mas sim numa postura de todos em relação ao consumo, que o consumismo da moda era realmente o maior perigo para o meio-ambiente.

PS2: Diane Pernet sorri!

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COLUNA DUS*****INFERNUS NO BLOG VIEW É SOBRE FILME E SOBRE FASHION

Nessa semana no Blog View, texto sobre as imagens fortes e sedutoras do cinema silencioso em homenagem ao Filme Fashion 

E não é só carão que Falconetti e Chaplin sabem fazer não!

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A fotogenia teve espaço para grandes duscussões na época do cinema silencioso

 

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LER COSTANZA PASCOLATO (SEMPRE)

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Agosto já está acabando, mas a edição da Vogue brasileira tem como sempre pelo menos um texto obrigatório: o da coluna da empresária Costanza Pascolato.

Desde que eu me lembro, mesmo quando a revista não tinha muito que se ler por possuir um conteúdo muito fraco – isso já faz parte do passado -, Costanza sempre arrasava na sua coluna.

Sempre que posso, converso com ela sobre o que escreveu, falo o que achei, em geral como um tiete deslumbrado. Em compensação, ela nunca deixa de ter uma visão crítica sobre seu próprio texto. Alguns ela não fica satisfeita, outros ela reescreve por dias e alguns saem bem rápidos. Lembro uma vez que a entrevistei e no final ela estava preocupada com a coluna que tinha que escrever mas, se não me engano, entregar só na próxima semana.  

É sempre de lá, de suas entrelinhas que tiro pautas para possíveis matérias. Em poucas linhas, o material é vasto e como o de sua última coluna nessa edição “verde” da Vogue de agosto.

O título já é desafiador. “Galliano X Ghesquière”. O que eles teriam de oposto ou que oposição eles estariam fazendo?

O olho da matéria também não nos dá uma pista dessa possível oposição:

“Enquanto um dá aula de branding ao celebrar luxo e riqueza nos 60 anos da Dior, o outro contesta a vocação casual da moda de rua e faz o mundo mais chic com suas roupas para Balenciaga”

O texto super elogioso a Galliano e à sua coleção de alta-costura destaca um ponto forte:

“O desfile foi um exercício espetacular de marketing e branding para tornar a marca ainda mais forte{…} no que ela pode representar-lucrar com venda de produtos mais acessíveis: prêt-à-porter, os acessórios, os cosméticos, os perfumes.”

Muito já se falou sobre o papel da alta-costura e que esse talvez fosse seu grande mérito e sua razão de existir hoje: fazer aumentar as vendas de perfumes, mas o que Costanza diz é que, para esse caso, Galiano faz essa operação com muita perfeição cirúrgica.

Uma indicação da oposição entre Galliano e Ghesquière é o começo do parágrafo (detalhe para a preposição adversativa) que Costanza escreve sobre o estilista da Balenciaga.

“Mas é a entrevista  de Nicolas Ghesquière[…] a Cathy Horin[…] que não em sai da cabeça[…] (Ele) considera que a alta-costura não tem mais tanta importância porque, sem os consumidores bacanas de ontem, é coisa artificial e não se encaixa mais nos nossos tempos. Moderno, segundo ele, é fazer um estilo luxuoso para a rua.”

O texto prossegue:“(Ghesquière acredita que) o desfio hoje é o branding – a construção da marca – pois só assim ela será reconhecida pelos consumidores.[…] (e sugere que) a moda está novamente na moda porque nunca houve tantas empresas vendendo cópias. A cópia não pode existir sem o original.”

Em seu pequeno texto, Costanza tocou em alguns assuntos centrais da moda como o papel da alta-costura, a força da moda de rua, a importância fundamental do branding, as cópias e a imagem de moda, colocando e observandos duas coleções díspares mas de grande influência na chamada moda oficial.

Não é apenas Galliano versus Ghesquière que a colunista está querendo apontar, mas sim duas visões diferentes de alta-costura, moda de rua, branding e cópia. Uma que ainda enxerga a alta-costura como branding, a outra que acredita que o branding de uma marca está em transformar a moda de rua, uma que através da alta costura tenta impossibilitar ou minimizar o impacto das cópias, a outra que vê nas cópias o mecanismo que comprova que está acontecendo realmente algo criativo no mundo da moda.

Por uma certa construção textual, podemos enxergar que Costanza se posiciona sim, a favor do projeto e das idéias do estilista da Balenciaga, sem menosprezar o trabalho de Galliano na Dior que elegantemente enaltece o trabalho em sua coluna.

Sempre as entrelinhas de seus textos são espaços imensos de reflexão.

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Ghesquière

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Galliano

QUEM IMITA QUEM?

A vida imita a moda ou a moda imita a vida?

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 Osklen 

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Estudante de Direito sendo expulso da faculdade por policiais

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Osklen 

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Viktor & Rolf

Ou é tudo questão do acaso?