SEMANA LULA RODRIGUES: A MODA MASCULINA, OS GÊNEROS E A RELAÇÃO GAYS E MULHERES


Lula além de nos contar a evolução da moda masculina, faz deliciosas observações ensaísticas como: “A moda se torna mais austera no período vitoriano e a Revolução Industrial, no século 19, editou um burguês rico e discretíssimo, […] Isso rolou no auge do Império Britânico e foi replicado por todo o planeta_inclusive no Brasil. Vivemos um momento em que os ricos tem que se disfarçar, se esconder em carros blindados. Alguma semelhança ??? É preciso que reflitamos”.
Só esse parágrafo me fez pensar muito numa resposta para aqueles que ainda vêem a moda como algo alienado. Com esse pensamento tão requintado, Lula criou a partir de suas constatações sobre a moda masculina, um reflexão sobre o estado de coisas hoje no nosso país.
Bom, continuando…

Sobre a questão do gênero pode-se falar que além do embate com os gays, existe outro com as mulheres e sua moda. Por que a moda masculina anda tão a passos lentos, essa é minha visão e é quase um consenso – apesar eu de odiar unanimidades. Você acredita nisso?

Temos que ir com calma. Levamos 4 séculos para chegarmos a esse padrão. As coisas no universo masculino demoram. São digeridas com calma. Têm seu ritmo. Por incrível que pareça, o homem muda continuamente. As mudanças mais relevantes não são notadas: são os detalhes. O homem médio, do povo, que eu chamo de “vox populi”, reage lentamente, mas absorve as mudanças, no seu próprio timimg. Depois faz delas uma verdadeira algazarra. Quer ver? Homem de brinco e tatuado há 10 anos, não era bem visto, gerava polêmica do tipo, brinco é coisa de mulher e viado, mesmo sendo os piercings e tatoos, acessórios de machos tribais. E hoje quando todo homem que se preza tem lá seus brinquinhos e piercings e, usa cabelo com gel e topetes espigados para cima (herança da estética punk tão em alta) e apostam em jeans com a lavagem da moda.

“Deus está nos detalhes” – brincos, piercings, tatoos, cabelos espetados

É preciso que sejamos indulgentes com ele. Não podemos assustá-lo e fazê-lo voltar à sua reclusão vitoriana. É preciso que mostremos a ele DELICADAMENTE_que ele pode ser alegre sem que isso macule seus temores de identidade sexual. Acredito que, em paralelo ao reportar as suas mudanças, nós da mídia temos que ser cautelosos. Não quero dizer endossando caretices e sim não compactuando com detonações banais, simplesmente dizendo que a moda masculina é mesmice e chatice, ueba, rimou. A meu ver, este é outro ponto de vista na análise da moda masculina contemporânea.
As mulheres modernas sempre os assustaram. Elas tiveram todo o século passado de mudanças; começaram com o direito de voto, roubaram as calças que eles levaram séculos para conquistar (lembram dos culotes ridículos?), ganharam a pílula, a minissaia, o power dress nos anos 80 e, na década seguinte, viraram o seu chefe: galgaram altos cargos no universo corporativo.

E o homem como ficou? Viu seus cânones serem quebrados na televisão com reality shows do tipo Queer Eye for the Straight Guy, que revelou um armistício entre heteros e gays_como o nome já diz.
Agora, podemos dizer que a moda masculina AINDA lida com identidades: de tribos e sexual. Eu disse ainda. O processo de mudança, é, no entanto, irreversível. É preciso que tenhamos paciência e eu tenho toda a paciência do mundo.

10 Respostas para “SEMANA LULA RODRIGUES: A MODA MASCULINA, OS GÊNEROS E A RELAÇÃO GAYS E MULHERES

  1. Pingback: Não perca a minissérie Lula Rodrigues no Dus Infernus « FORA DE MODA

  2. Questão de tempo e muitaaaaaaaaaaaaaaaaaa conversa e lição boa para os machinhos que estão com os olhos tapados, para que tudo mude é preciso que não só as pessoas, porém, marcas, estilistas e meios de comunicação contribua de maneira correta, para essa mudança na visão sobre moda masculina.

    Muitoooooo ótima essa semana Lula Rodrigues!queremos maiiiiiiiiiiiiiiisssssss!

    Abraços,Verson!

  3. Compartilho a opinião que os homens estão SIM evoluindo na forma de pensar e agir e aí, passa também pela moda. Se não dá pra mudar tanto quanto no vestuário feminino, o legal para os homens é que dá pra investir nos detalhes, que cá entre nós, é o que faz toda a diferença.

  4. Pingback: SEMANA LULA RODRIGUES: A MODA MASCULINA, COMO ANALISÁ-LA E COMO PERCEBER A CONTRIBUIÇÃO DAS RUAS E DOS NEGROS « dus*****infernus

  5. olha, tá sendo um aulona essa série de posts. to acompanhando e lendo tudo atentamente (tipo duas vezes) porque no fim, ao que parece, vai dar vontade de ter uma seção-meninos na oficina de estilo (porque aparentemente tá chegando um tempo em que vai ter mais demanda mesmo, né?). super arrasante, vitor – e lula! =)

  6. Vitor, MUUUUUIIITOOOO boa essa semana lula rodrigues

    Engraçado ver essa mudança na história da moda, a moda masculina ficando à sombra da feminina…

    mas será porque também, vitor, por preconceito da nossa cultura latina machista, parte do público (no caso homens hetero) não se interessa por moda? Por achar que é coisa de mulher e gay? Não é generalizando, mas conheço poucos homens de gosto refinado, inteligentes e etc; que tem essa visão sem preconceitos da moda. Não só com as roupas que eles usam, mas com as que as mulheres usam, criam códigos preconceituosos, estereótipos, etc?

    to viajando?

    bjs!

  7. A opinião de quem realmente entende do assunto nos faz pensar e refletir muito.
    Matérias como essa só têm a acrescentar para todo mundo; quem é entrevistado, quem entrevista.
    Gostei muito de ele ter dito que os homens ~, têm seu timming para associar o que é proposto pela moda;mesmo entre os gays ainda há muito preconceito e como disse Lula, é preciso ter paciência,para que toda essa transformação aconteça.

  8. Pingback: OFICINA DE ESTILO: MODA PRA VIDA REAL » Blog Archive » aulas de compreensão da moda masculine

  9. muito legal esse post. homens de brinco, tatuados vem também da moda das ruas e quebraram barreiras!

  10. “E hoje quando todo homem que se preza tem lá seus brinquinhos e piercings…” Que se preza? Como assim?

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