O BLACK POWER

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O Black Power nasce nas veias dos anos 60 para correr por toda a corrente sanguínea que não via diferença entre brancos e pretos. Era a vez de dar um basta às humilhações que os negros sofriam nos Estados Unidos (aquele lance de sentar no fundo dos ônibus, bebedouros separados…) e clamar por direitos civis. É poder negro!
Dizem (blog é uma delícia por isso, podemos falar dizem) que a expressão “Black Power” foi criada por Stokely Carmichael, militante radical do movimento negro nos Estados Unidos, após sua vigésima sétima detenção em 1966. “Estamos gritando liberdade há seis anos. O que vamos começar a dizer agora é poder negro”, anunciou.
Hoje Obama está no poder, e se os negros não estão em uma posição ideal ainda na sociedade, não podemos negar que sua força de mobilização fez com que seus direitos avançassem, entre erros e acertos.
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pra mim um acerto, talvez uma das maiores imagens de uma Olímpiada, pra outros um erro, reverenciar um grupo como os Panteras Negras

Mas o que mais interessa agora é discutir sobre o valor simbólico do cabelo dos negros. Por um mimetismo, durante anos, nas décadas antes de Martin Lither King, eles fizeram da chapinha uma lei, e o chamado cabelo Black Power veio como um grito de liberdade e de possibilidades. A atriz Zezé Motta conta que quando viajou a primeira vez para os Estados Unidos e viu os negros americanos com sua cabeleira solta, ela imediatamente voltou pro hotel e enfiou o cabelo debaixo d’água pra tirar a chapinha. É inegável o acontecimento do cabelo black power e seu efeito no orgulho em ser negro.

Um orgulho que mesmo com a tal “teoria” do técnico João Saldanha, não intimidou um craque como o jogador Paulo César Caju, que ganhou esse apelido por pintar o cabelo black power de “acaju”. O nosso pré-David Beckham esbanjava estilo e vestia calça “boca-de-sino” quando ninguém ousava usar.
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Esse orgulho da raça pelo cabelo é um movimento importante, pois inverte-se a lógica do “cabelo ruim”. Quer dizer, é um estilo de cabelo que teve um valor simbólico – e ainda tem, por mais fashionices que queiramos colocar para esvaziar o seu discurso – até porque a revolução que os negros fizeram na sociedade americana também aconteceu pelo cabelo, em suas raízes.
Já disse que esteticamente acho um estilo de cabelo incrível e hoje os negros tem a liberdade de fazer com o cabelo o que bem entender. Power aos blacks!

PS; Esse é o link para a matéria interessante de Camilo Rocha sobre a Woodstock negra.

5 Respostas para “O BLACK POWER

  1. Nossa, o cara com black power tá quase batendo no João Saldanha hahaha

  2. morro de inveja de quem tem black power!
    te linkei tb
    bjs!

  3. Infelizmente a nossa `Pátria Amada´ ainda não se deu conta de que a sua população é formada na sua maioria de afro-descendentes e mesmo assim, continua com essa perfída segregação, nos colocando em posição ínfima e degradante. Esse tal “Poder Negro´´ que há anos anda lado a lado com os norte-americanos através das conquistas de personalidades como : Rosa Parks, Malcom X, Martin Luther King e os Panteras Negras que por meio dos seus arsenais intelectuais e de pura coragem, galgaram o caminho para uma suposta igualdade racial. No Brasil, os nossos direitos são preteridos função do preconceito que insiste em nos assombrar com a sua eterna mazela velada. O negro é lindo, só falta um pouco mais de consciência e determinação para assumir esse poder. O estilo black power é uma forma de expressão usual que caracterizou o make hair do negro ao longo dos tempos para a alegria dos fashionistas do mundo inteiro.Viva sempre a liberdade, com ou sem o black power.

  4. Faltou falar que a primeira cabeleira black power do show business brasileiro foi de… Caetano Veloso. Seguido por Gal Costa em sua apresentação antológica em um dos festivais da Record, cantando Divino Maravilhoso (1968). Mas a cabeleira black power que todo mundo copiou mesmo, bem antes do Paulo César Caju, foi a de Tony Tornado – em sua performance arrasadora no Festival Internacional da Canção de 1970, quando defendeu BR3. E, na verdade, todo mundo andava de boca de sino nos 70, não só o Paulo César. Era a moda. Lembro que quando apareci uma noite no cursinho – Etapa, 1977 – de jeans Wrangler reto e cabelo escovinha, foi um silêncio incomodado. Ah, sim, já tive black power inúmeras vezes. Sempre um sucesso de crítica e de público. Mas dá um trabalho que vcs não imaginam…

    • em homenagem ao Mario e sua lembrança Maravilhosa

      ah! e sobre o Caju, ele foi o primeiro jogador de futebol a usar calça boca de sino antes dela se tornar moda nos 70. dizem (adoro isso) que comprou na época da Copa do México!

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