Clóvis Bornay é lenda! É sinônimo de luxo, glamour e extravagância. Sem falar de ser ele mesmo uma metáfora do Carnaval.
A festa mais popular do mundo não seria o que é hoje sem a sua presença, afinal ele ajudou a organizar o desorganizável. Foi ele o responsável pelos famosos concursos de fantasia mega-über-luxuosas que aconteceram no Rio a partir dos anos 30 e que ele ganhou seguidamente até virar “hors-concours”.
Antes deles, na avenida, não havia nas escolas a figura do destaque, que ele luxuosamente a colocou em cima do carro alegórico e criou uma espécie de nova entidade carnavalesca.
Dizem que no Brasil, o luxo, o glamour, a couture se encontra nas mãos dos carnavalescos, se assim é, ele foi talvez o nosso Worth.
Lembro que era uma das poucas celebridades – e ele era popular que só – que o Brasil inteiro sabia onde morava: na Prado Júnior, em Copacabana. Olha ele no vídeo abaixo com um Bial bem novinho mostrando a rua que é famosa tanto pelos boêmios do Cervantes como dos puteiros e já sacando tudo de moda de rua ao mostrar com orgulho o famoso farmacêutico da rua – “uma reencarnação de um rei africano”.
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Victoria,
A Clarice Lispector fez uma entrevista incrível com ele. Ela confessou que chegou achando que seria uó, que ele seria uma travéia ixxxquisita, mas ficou encantada. E no final ele inventa uma fantasia imaginária de “Firmamento” pra ela. Tem naquele livro-coletânea “De Corpo Inteiro”. Olha um trecho: “Se eu quisesse me fantasiar no carnaval, que fantasia me aconselharia a ter? Espere, espere, já estou sabendo, estou só pensando no nome. Achei. É ‘Firmamento’. Seria uma túnica de renda negra cravejada de estrelas de brilhantes. Na cabeça a meia-lua e numa das mãos uma taça de prata derramando estrelas”. Besos, cariño!
Clóvis says: Morram de inveja macacas!!!
outro dia um amigo me contou uma história de um cara que passou DEZESSEIS (16) anos passando trotes para a casa do clóvis bornay. se isso não é amor, eu não sei o que é. beijo.
Muito bom, Clóvis B. é um classico.
o guilherme me mandou o texto sobre o cara que deu trote durante 16 anos para Bornay, a história é muito boa,- mesmo se for trote kkkkk- e
aqui vai a matéria:
DISQUE BORNAY
Clóvis Bornay foi um dos nomes mais famosos do carnaval. Museólogo e carnavalesco, Clóvis era considerado um verdadeiro gênio na arte de criar fantasias, a ponto de ser declarado hors-concours nos desfiles de que participava, já que quase sempre vencia o concurso quando subia na passarela com seus trajes exuberantes. Ele morreu em 2005, aos 89 anos, e causou comoção. Seu rosto e sua voz eram conhecidos por milhares de pessoas, mas poucos o conheceram melhor que Ed, em quem Clóvis nunca pôs os olhos. Foi apenas por telefone que os dois conversaram durante 16 anos. Os bate-papos, que rolavam a qualquer hora do dia, mesmo de madrugada, começavam com Clóvis sempre sendo amável, mas terminavam aos palavrões, com Ed sendo xingado. Por quê? Ah, sim. Faltou dizer que essas ligações eram trotes. Sim, Ed passou 16 anos mandando trotes para Clóvis Bornay.
Ed é um redator publicitário que atende também pelo nome de Edberto Dutra. É pelo apelido que ele é mais conhecido e comentado. É, comentado mesmo. Existe até uma comunidade no Orkut com o nome “Eu conheço o Ed”, na qual as pessoas debatem sobre as maluquices do sujeito. Ed diz que às vezes há um exagero sobre seus feitos. “É verdade que você rola pelo chão dos bancos, para acompanhar a fila até o caixa?”, pergunta a reportagem da M…. “Que nada!”, diz o publicitário, dando uma efêmera sensação de que ele é normal. “As pessoas inventam muito”, continua, reforçando a impressão de que ninguém realmente seria capaz de uma coisa dessas. “O que acontece é que uma vez eu achei a fila do banco muito comprida e sentei no chão. Quando a fila andou, eu estava cansado e resolvi rolar no chão para ir adiante. Mas não é algo que faço sempre”, explica Ed, provando que os boatos são verdadeiros, embora ele não se toque disso.
Para falar sobre seu longo histórico de trotes passados a Clóvis Bornay, Ed recebeu a reportagem da M… na portaria de seu prédio. A idéia era partir para um boteco, mas ele sugeriu que a conversa fosse mesmo em seu apartamento. Antes, avisou sobre o coelho com quem mora. “Ah, já te contaram que eu moro com um coelho! Devem ter falado que a casa fica meio suja, né?”, sonda, abrindo o apartamento, que tem alguns presentinhos espalhados pelo coelho no chão da sala. E não estamos falando de ovos de Páscoa. Ed pede que a reportagem espere na porta para que ele possa limpar o chão. Ele pega uma vassoura e varre apenas uma pequena área da sala, em frente ao sofá, que é onde fica subentendido que o repórter deve se sentar e ouvir como começaram os trotes para Clóvis Bornay.
“Foi em 1980, quando eu tinha uns 16 anos. Eu e uns amigos vimos uma reportagem no jornal O Dia sobre um assassinato em um edifício na Rua Prado Júnior, em Copacabana. Lá tinha uma declaração do Clóvis Bornay, que era o síndico do prédio. Aí pegamos um catálogo telefônico, procuramos pelo endereço e achamos o telefone dele. Naquele dia ligamos pra ele nos fazendo passar pelo assassino, dizendo para ele tomar cuidado, pois estava dando com a língua nos dentes”, relembra Ed, com um brilho nostálgico no olhar. “Aquela foi a primeira fase dos trotes, até 1987. Entre 1984 e 1985, eu ligava semanalmente com meus amigos. Íamos para um orelhão e fi- cávamos nos revezando nas ligações. Telefonávamos às quartas, à noite. A gente sempre ligava antes de ir para a boate e brincávamos com a voz dele e a língua presa”, conta.
Ed recorda que Clóvis começava o papo sempre atencioso, carinhoso. “A gente ligava dizendo que era fã, que achávamos que ele era um vitorioso. Elogiávamos o cabelo dele etc. Já liguei dizendo que eu tinha língua presa e precisava do conselho dele. Também liguei dizendo que era um vestibulando, pensava em fazer museologia e queria a opinião do museólogo mais fodão do país”, narra o algoz, que também costumava se passar por jornalista para introduzir o trote. “Uma vez liguei dizendo que era do Peru Molhado, conhecido jornal de Búzios. Diante do Peru Molhado ele não podia ficar de boca fechada”, brinca Ed.
Quando uma piadinha dessas no fim da conversa revelava que se tratava de um trote, Clóvis passava a vociferar e até partia para ofensas. Soltava coisas do naipe de “Vai roçar a bunda nas ostras do Leme!”, uma sugestão que Ed jamais esquecerá (e provavelmente nunca experimentará, diante da bizarrice da situação). A essa altura, o leitor deve estar se perguntando “Mas Clóvis Bornay não percebia logo de cara que era trote, diante da assiduidade das ligações?”. Ed responde: “Tenho certeza que ele já sabia que era a gente. Mas sempre dava trela. Era um peroba clássico. Nós ligávamos direto, acho que ele gostava, pois era um cara solitário. Mas ele era uma figura meiga, bacana”, lembra, deixando escapar uma palavra de carinho.
Isso porque a intenção de Ed nunca foi ficar amiguinho de Clóvis. O publicitário é conhecido pelas agitações que cria. Mas sempre fora do trabalho, como narram os colegas que já trabalharam com ele em agências. “Não queria confusão, não me convidasse”, é uma das frases de Ed lembradas por um dos colegas convidados a dar depoimentos sobre o sujeito. Vamos evitar que se identifiquem, pois talvez Ed não goste de ver algo aqui revelado. Um desses amigos faz questão de contar um dia específico: “Eu estava ao lado dele, esperando para atravessar a rua Voluntários da Pátria, em Botafogo. Havia uma pequena multidão de pedestres de cada lado. Assim que abriu o sinal, ele saiu correndo e berrando: ‘atacaaaaar!’. Depois, pelo caminho, foi recolhendo todos os panfletos distribuídos na rua. Aí parou numa esquina e começou a distribuir os papéis. Mas quando um incauto se interessava em pegar, ele puxava o panfleto de volta. E no elevador do shopping lotado, em alto e bom som, começou a falar, do nada: ‘eu poderia estar roubando, eu poderia estar roubando, mas não. Estou aqui fazendo porra nenhuma!’”, relembra.
Ed não é de perder a piada, como conta outro colega. “Uma mulher apresentou a ele uma amiga. Ela falou ‘Lembra dela, Ed? Do Hipódromo?’, disse, referindo-se ao popular bar do Baixo Gávea. Ele respondeu apenas ‘De que páreo?’”. Outro caso que mostra a rapidez e a cara de pau de Ed é narrado por mais um amigo. “Ele e um colega estavam andando na rua, voltando do almoço na Praia de Botafogo. Parou um carro ao lado deles e o motorista perguntou: ‘Amigão, Santos Dumont?’, querendo saber onde era o aeroporto. Resposta do Ed, contrito: ‘Morreu!’”. Outra memorável ocasião, lembrada por um colega: “Assim que começaram aquelas imagens nas embalagens de cigarro, advertindo sobre os problemas do fumo, vi o Ed com o maço que tinha estampada a foto de um bebê prematuro. Perguntei se olhar aquela imagem o assustava. Ele respondeu: ‘Com essa idade eu não fumava’”.
Diante de descrições como essa, dá para entender a bronca com que Ed ficou de alguns colegas quando veio a sua segunda fase de trotes. A primeira acabou quando seus amigos foram se mudando para outros lugares e deixaram de ser seus vizinhos. A nova etapa começou em 1993, quando Ed já era adulto, um profissional respeitado. Um dia, na agência em que trabalhava, ele contou para os colegas sobre esse antigo hobby. “Eles não acreditaram e na mesma hora falei o telefone do Clóvis. Eu já estava há dez anos sem ligar, mas lembrava do número, que não esqueço até hoje: 275-9962. Aí liguei e todos gostaram. Acabou que o pessoal lá adotou a prática, que se espalhou para outras agências depois”, conta Ed.
Mas a falta de maldade de alguns dos novos praticantes irritou Ed. “O pessoal da agência onde eu trabalhava acabou ficando amiguinho. As meninas ligavam pedindo conselho sobre fantasia de carnaval. Aí perdeu a razão. Minha intenção sempre foi a de fingir amizade para depois descabelar o velho”, critica Ed. Seus colegas foram além nessa história de ficar bem com Clóvis Bornay. “Quando ele foi internado no hospital, o pessoal queria ir lá visitá-lo. Eu não quis. Depois de quase 20 anos zoando o cara, eu me sentiria mal. Talvez ele até tivesse fairplay. Às vezes me falavam que essa minha história com o Clóvis era digna de ir parar no programa do Jô Soares. Mas eu acho que se eu fosse lá contar os trotes, iam acabar armando de botar o Clóvis saindo dos bastidores para confraternizar comigo. Não queria isso”, diz. Mas Ed uma vez deu uma leve confraternizada com o museólogo. “Uma vez liguei pra ele e me identifiquei, dizendo que eu sempre ligava com uns amigos. Relembrei uns trotes. Ele confirmou que sabia que era a gente que sempre telefonava”, revela.
Por falar em relembrar trotes, Ed diz que é impossível escolher sua melhor façanha. “Cara, trote é como filho. Impossível dizer qual é o favorito”. Mas pela empolgação com que narrou alguns deles, é possível chegar a dois feitos de que se orgulha. Um deles foi passado depois que Ed viu no programa Sem censura, da antiga TVE, que Clóvis havia ganho seu primeiro prêmio em um concurso no clube Fluminense. “Ele contou que depois de vencer, não queriam que ficasse com o troféu, porque ele não poderia ter participado do concurso, já que não era sócio do clube. Aí liguei para ele dizendo que era o Seu Macedo, do almoxarifado do Fluminense. Falei que tinham sentido falta do troféu no clube e que eu ia lá na casa dele buscar. O Clóvis ficou nervosíssimo e disse que não ia devolver!”, lembra.
Outro que conta com um sorriso maior nos lábios foi o que passou quando viajou para os Estados Unidos. O requinte de crueldade: foi um trote a cobrar. “Eu estava nos Estados Unidos e soube que o Clóvis tinha se casado. Era madrugada. Liguei a cobrar e ele atendeu. Aí perguntei se ele tinha recebido a baixela de prata que mandei de presente de casamento”, conta Ed, explicando por que gostava tanto da prática e por que só passava trotes, única e exclusivamente, para Clóvis. “O legal do trote era ver um cara carinhoso como ele chegando ao fim do telefonema xingando a gente. Era uma coisa inesperada. O bacana para quem ouvia era ver ele partindo da meiguice para a revolta”, teoriza.
Ao fim da entrevista, dá para perceber que Ed tem saudades de Clóvis. “Quando ele morreu, recebi uns dez telefonemas. Quando minha avó morreu, se me ligaram duas vezes foi muito. Olha, nunca tive uma namorada para quem liguei tanto quanto eu ligava para o Clóvis”, contabiliza Ed, que já pensou em um substituto em seu coração. “Sabe quem seria legal para passar trotes? O David Brazil. A voz dele e a gagueira devem render bem”. Quando a reportagem já está de saída, a caminho do elevador, surge a pergunta. “Ed, você já pensou que agora que está em outro mundo, o Clóvis Bornay pode aparecer para lhe passar também uns trotes?”. Ed fica parado por uns segundos, com o olhar sério. “Poxa, não foi bom você falar isso. Nunca havia pensado nessa possibilidade. Agora fiquei preocupado”, responde antes de voltar para seu apartamento. Mas ele tem a companhia do coelho. O bichinho de estimação também deve servir para afugentar espíritos brincalhões. É só não varrer o chão.
Melhor eram os nomes das fantasias: “Apoteose de Nabucodonosor em noite de esplendor e glória do Império Assírio”.
E a Dercy (sobre Bento XVI): “Adoro quando esse novo papa aparece com aquelas roupas maravilhosas igualzinho o Clóvis Bornay”.
Olá Vitor, tudo bem?
Tem algum e-mail que eu possa entrar em contato com vc?
Estou produzindo um festival de cinema e gostaria de te enviar um release. Pode ser?
As inscrições são gratuitas e vai acontecer em setembro, no MuBE.
Obrigado e abraços.
Felippe Canale.
Se puder, me envie um e-mail para fcanale@hotmail.com… ai já te respondo com o release.
Obrigado.
nossa, o carnaval nunca mais foi o mesmo depois do fim do concurso do Gloria transmetido pela Band! (ou era Manchete?) to dando vexame aqui no trabalho rindo da historia do trote
bjss
PERGUNTE AO ORÁCULO:
Angel, vcs da moda deveriam muda a ortografia da palavra passarela para passaRRela em homenagem ao Bornay!
Em conversa com coletivo megadescolex em alameda dos Jardins, ficou no ar a seguinte pergunta: Por que os gays depois de tantas conquistas não querem mais ser gays. Basta entrar e olhar a quantidade de salas de bate-papo uol, aberta por assinantes, com os seguintes títulos:
– Zueira entre heteros (homem querendo pegar homem)
– Punha entre machos (homem querendo pegar homem)
– Punha entre heteros (homem querendo pegar homem)
– Dominação H x H (homem querendo pegar homem)
– H maduros e Amigos (homem querendo pegar homem)
– H quer pau pequeno (homem querendo pegar homem)
– Corno X Corno, onde 95% são “H”querendo ser dominadoos por outros H, a mulher nunca aparece!!! kkkkkk
– Sem falar de depois da 00:00 todas as mulheres de todas as salas são suspeitas, todas querem ver pau, mas elas nunca tem cam! kkkkkkk
– Os nicks, macho, militar, casado, brow, heterão… em todas as salas em geral são de gays assumidos se passando por um possível “hetero” que curte homem, mas estão a procura de um homem menos gay do que eles.
Resumindo, toda essa militancia é bobagem ou os heteros são realmente mais interessantes??!
Será que a mídia vendeu uma imagem real, mas que ninguém quer mais se identificar? Seria o tal pós-gay?
Todas bombam na madrugada, qdo o inconsciente está bem aflorado! É uma pergunta que fazemos a sua coluna de domingo!
HELP US!!!
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O talento e a genialidade do mestre em fantasias de Carnaval Clóvis Bornay o tornou um exímio hors concours. O maior espetáculo da terra, certamente ficou orfão da beleza e do glamour do mister Bornay.